O que você tem bebido? Álcool ou metanol?

Sinais de alerta sempre indicam uma emergência médica, mas, devido ao metanol, geralmente só surgem entre 12 e 24 horas – Foto: Reprodução Internet
País – Quem gosta de tomar umas e outras deve ficar bastante atento. É que o número de intoxicações por bebida adulterada registrados em setembro pelo CIATOX (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) de Campinas bateu recorde. Somou 9 intoxicações com dois casos de cegueira no estado de São Paulo, além de mais 10 pacientes sob investigação.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas. quando o metanol entra na corrente sanguínea é transformado em ácido fórmico, substância que diminui a oxigenação das células e é altamente tóxica.
A toxidade somada à falta de oxigênio, explica, atacam o nervo óptico desencadeando neurite óptica. Caso a doença não receba o tratamento adequado durante a fase inicial ou aguda causa a perda irrecuperável da visão. Já a intoxicação sistêmica causa sérios danos ao fígado, rim, coração, pâncreas e até alterações na camada externa do cérebro que caracterizam a esclerose múltipla, levando à morte.
O especialista diz que os sinais de alerta sempre indicam uma emergência médica, mas, geralmente só surgem entre 12 e 24 horas. Isso porque, o álcool etílico das bebidas torna o metabolismo do metanol mais lento, explica.
Nos olhos, afirma, os primeiros sintomas são: visão turva, fotofobia e dor retrobulbar ou ao movimentar os olhos. Os sintomas sistêmicos mais frequentes da intoxicação elencados pelo médico são: náusea, forte dor de cabeça, dor abdominal, vômitos e alteração da consciência.
Tratamento
As primeiras 48 horas são cruciais para salvar a visão e a vida após uma intoxicação por metanol. Diante da suspeita de ingestão de álcool adulterado, Queiroz Neto recomenda que a pessoa seja encaminhada a uma triagem no CIATOX para confirmar a acidose metabólica grave que requer hemodiálise para eliminar o metanol da corrente sanguínea. Outra terapia elencada pelo oftalmologista para casos menos graves de acidose, frequente entre pessoas que consomem pouca bebida adulterada é o fomepizol, também conhecido como 4-metilpirazo,l um antídoto ao metanol.
“O acúmulo de ácido fórmico no nervo óptico pode causar edema que pode ser tratado com corticosteroides que eliminam a inflamação. A dica para prevenir intoxicação por bebida adulterada observar na garrafa o registro ANVISA, lacre de segurança e selo fiscal”, finaliza Leôncio Queiroz Neto.
Saiba o que é e previna-se
O metanol, também conhecido como álcool metílico ou carbinol, é um composto químico com propriedades semelhantes ao etanol (o álcool potável presente nas bebidas), sendo incolor e altamente inflamável. No entanto, sua toxicidade para o ser humano é drasticamente maior. Ele é usado principalmente como solvente industrial, em combustíveis e na fabricação de diversos produtos, como plásticos e tintas.
O perigo surge porque o metanol é significativamente mais barato de produzir que o etanol. Por isso, indivíduos ou grupos criminosos o adicionam deliberadamente em bebidas alcoólicas falsificadas ou ilícitas para “batizar” o produto, aumentando o volume e, consequentemente, o lucro, sem se importar com os gravíssimos riscos à saúde pública.
A ingestão de metanol, mesmo em pequenas quantidades (cerca de 25ml, por exemplo), é extremamente perigosa e pode ser fatal. Uma vez no organismo, ele é metabolizado em substâncias ainda mais tóxicas, como o ácido fórmico, que afeta gravemente o sistema nervoso central e causa acidose metabólica.
Os sintomas de intoxicação incluem dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, confusão mental e, um dos sinais mais característicos, visão turva repentina ou cegueira permanente, devido ao dano ao nervo óptico. O consumo de bebidas adulteradas com metanol é um problema de saúde pública global, resultando em surtos de envenenamento que podem levar a internações, sequelas irreversíveis e, tragicamente, à morte, reforçando a importância de consumir apenas bebidas de origem e procedência confiáveis e legalizadas.
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Lívia Nascimento