Doce Recheio: o negócio de família que virou febre entre as “formiguinhas”

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Por Emiliano Macedo

Quando a pandemia parou o país em 2020, a família de Gabriel Carraro Spindola Alves vivia um daqueles momentos que ninguém espera: ele e o pai, César Augusto, ficaram sem emprego no mesmo dia. Sem dinheiro, sem perspectiva e sem tempo para lamentar, a mãe, Eneluci Aparecida, começou a fazer bolos de pote para um senhor que revendia na rua. E foi ali, na maior simplicidade do mundo, que nasceu a marca que hoje movimenta filas, encomendas e milhares de seguidores: a Doce Recheio.

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Ele vendia tudo no mesmo dia. Voltava pra casa pedindo mais. Ali percebi que tinha alguma coisa ali”, lembra Gabriel. Sem nunca ter imaginado trabalhar com confeitaria, ele resolveu experimentar o tal doce e o destino fez o resto.

“Achei muito doce e minha mãe perguntou o que estava doce. Respondi: ‘o recheio’. Na hora me veio o nome Doce Recheio. Foi um estalo mesmo.” A partir desse comentário despretensioso, surgiu uma marca que hoje tem identidade própria, público fiel e presença forte nas redes sociais.

Desde o início, tudo foi tocado apenas pelos três:

• Gabriel Carraro Spindola Alves — atendimento, vendas, projetos e comunicação; é também o rosto da marca.

• César Augusto Spindola Alves — compras, organização e logística.

• Eneluci Aparecida Carraro Alves — criação e produção de massas, recheios e sobremesas.

 

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A gente começou batendo massa no liquidificador e assando no forno de casa. Não tinha máquina, não tinha investidor, era só a nossa força de vontade”, conta Gabriel.

O perfil do cliente é claro: mulheres de 20 a 35 anos, público jovem-adulto que consome doce com afeto e compartilha nas redes. E não é pouca gente. Segundo Gabriel, cerca de 90% das pessoas chegam à loja por Instagram e anúncios, mas o boca a boca, aquele clássico que nunca sai de moda, também faz sua parte.

E tem o apelido carinhoso. “Eu chamava os clientes de formiguinhas desde a época da cozinha de casa. O nome pegou tanto que hoje elas mesmas se chamam assim nas redes”, diz, rindo. Essa identificação virou um dos pilares da marca: quente, próxima e nada genérica.

Se no começo a família vendia apenas bolos simples, hoje o brownie é o carro-chefe absoluto. “É o que mais sai, especialmente no delivery”, conta o empresário. Logo atrás vêm as tortas geladas e as tortas de travessa, que viraram desejo do público.

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Uma das grandes sacadas da Doce Recheio foi entender o novo comportamento do consumidor. “O mundo é imediatista. Ninguém marca mais festa com um mês de antecedência. Às vezes o aniversário é hoje, agora”, explica Gabriel.

Enquanto muitos concorrentes trabalham apenas com encomendas, a Doce Recheio ficou conhecida por ter bolo e sobremesa à pronta-entrega, algo raro e extremamente desejado. Resultado? A marca virou solução rápida e gostosa para aniversários improvisados, visitas inesperadas e celebrações intimistas.

A gente salvou muita confraternização, porque a pessoa vinha desesperada e saía feliz com um bolo pronto e bonito.”

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Para o Natal deste ano, a aposta são sobremesas generosas e afetivas. “Achamos que muita gente vai ficar na cidade, então vamos investir nas tortas natalinas, banoffes e morangoffes”, comenta. A ideia é facilitar a vida das famílias que querem algo especial sem ter trabalho.

Da cozinha simples ao crescimento orgânico, a Doce Recheio se tornou um negócio que não vive só de vendas, vive de vínculo. A marca carrega história, batalha familiar e a sensação de que cada produto saiu de um lar, não de uma fábrica. E é justamente isso que fez a Doce Recheio se tornar tão querida.

As pessoas torcem pela gente. Criticam quando precisam, ajudam a melhorar, defendem a marca. É uma conexão real”, diz Gabriel. Uma história doce, criada na crise, mas fortalecida pelo afeto e pelo recheio certo, claro.

emiliano macedo

Doce Recheio: o negócio de família que virou febre entre as “formiguinhas”