Comércio e serviços devem gerar 118 mil vagas no fim do ano, aponta pesquisa

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País – O último trimestre de 2025 traz sinais positivos para o mercado de trabalho no Brasil. Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que comércio e serviços devem abrir cerca de 118 mil vagas nos próximos meses. O número considera contratações temporárias, efetivas, informais e terceirizadas e representa crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2024.
As funções mais ofertadas estão ligadas ao atendimento presencial, com destaque para vendedor (31%), cabeleireiro, ajudante e balconista. A remuneração média estimada é de R$ 1.819. Outro dado de destaque é que 47% das empresas pretendem efetivar parte dos trabalhadores contratados durante o período sazonal.
Segundo o gerente executivo da CNDL, Daniel Sakamoto, a Black Friday funciona, em grande parte, como antecipação das compras de Natal. “Os varejistas brasileiros estão dispostos a investir um pouco menos em propaganda em torno da Black Friday, colocando menos produtos em promoção para dedicar o esforço maior de vendas no período do Natal, onde os descontos são menores e consequentemente a margem de lucro é maior”, explica.
Sakamoto observa ainda que os consumidores vêm demonstrando menor entusiasmo com a data promocional. “Os descontos não são tão atraentes ou alguns itens até sobem de preço”, relata. Esse comportamento, segundo ele, reforça a tendência de o varejo equilibrar os esforços entre novembro e dezembro.
Sinais de cautela
Apesar da expectativa positiva para o fim do ano, especialistas alertam para o cenário fiscal. O economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto Gastão Vidigal e da Associação Comercial de São Paulo, considera que as contratações são um ponto favorável, mas ressalta a necessidade de disciplina nas contas públicas. “O país está pisando no freio, o crescimento é mais moderado e essa deve ser a tendência até o fim do ano”, avalia.
Para Gamboa, conter o avanço do gasto público em 2026 será fundamental para reduzir pressões inflacionárias e abrir espaço para a queda da taxa Selic. “Com juros tão altos, em algum momento a desaceleração econômica vai se intensificar. Se houver crescimento modesto do gasto e menor pressão de preços, o Banco Central poderá cortar juros antes, beneficiando as micro e pequenas empresas.”
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) reforça o mesmo diagnóstico. Segundo o Painel “Gasto Brasil”, as despesas públicas em 2025 já superaram R$ 3,8 trilhões, somando gastos federais, estaduais e municipais. A entidade defende cortes urgentes para recompor o espaço fiscal.
Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB, critica o nível atual de despesas. “O governo arrecada, mas gasta sem critério. Só neste ano, até setembro, o déficit operacional já chega perto de R$ 1 trilhão acima da arrecadação. É como numa casa: você só pode gastar aquilo que recebe. O Brasil está caminhando para uma situação de insolvência”, afirmou.
Expectativas para 2026
Embora as projeções para o fim de 2025 sejam de recuperação setorial e criação de empregos, o cenário para 2026 exige cautela. De acordo com a pesquisa da CNDL, 32% dos empresários apontam a instabilidade econômica como motivo para não contratar. A proximidade das eleições no próximo ano intensifica a incerteza.
Ainda assim, Daniel Sakamoto mantém otimismo em relação ao fechamento do ano. “O varejo espera bons números de venda e mais de 100 mil contratações temporárias. Muitas delas podem se tornar empregos efetivos, o que é uma excelente notícia para o país”, destaca. Com informações do Brasil 61.
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Agatha Amorim
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