Caso Ravi Lucca: morte de menino de 3 anos sob tortura revolta o Sul Fluminense

Foto: Divulgação

Volta Redonda –  Ravi Lucca, uma criança de apenas três anos foi morta no dia 15 deste mês. Sua mãe levou o menino, já sem vida, para uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) para “pedir socorro”. Mas nem sempre as coisas são como parecem. Nesta quinta-feira (1º), ela e o companheiro, de 30 e 32 anos respectivamente, foram presos por policiais da 93ª Delegacia de Polícia em cumprimento a mandados expedidos pela 1ª Vara Criminal de Volta Redonda. O casal, que foi preso no bairro Santa Cruz, vai responder pelo crime de homicídio qualificado, conforme consta na Lei Henry Borel.

Durante a ação, foram apreendidos os celulares dos investigados, que serão encaminhados para perícia. A prisão temporária do casal tem prazo inicial de 30 dias, período em que novas investigações serão realizadas para esclarecer os fatos.

Relembre o caso

O caso começou em 15 de setembro, quando a mãe levou a criança já sem vida a uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). No atendimento, os profissionais constataram lesões incompatíveis com causas naturais e, desconfiados, acionaram a Polícia.

Após a autopsia, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou traumatismo cranioencefálico, infiltrações hemorrágicas no crânio e lesão no baço, que gerou hemorragia interna e levou à morte criança. O documento também registrou indícios de violência sexual – assunto que ainda não foi confirmado, já que ainda serão feitos exames complementares para constatar o suposto abuso.

Testemunhas relataram ter ouvido discussões no apartamento da família, além de sons de impacto e gritos da criança. A investigação da 93ª DO, coordenada pelos delegados Vinícius Coutinho e José Neto, indica que o menino permaneceu em sofrimento por horas, já que os agressores temiam leva-lo ao hospital e serem descobertos.

Situação dos irmãos

A Vara da Infância e Juventude de Volta Redonda determinou o acolhimento dos outros três filhos da mulher – um menino de seis anos e duas meninas, de quatro e um ano. As crianças foram encaminhadas ao abrigo municipal. Um dos menores pode ter presenciado as agressões e já recebe acompanhamento psicológico.

Triste lembrança

O caso do pequeno Ravi Lucca traz à lembrança de muitos moradores do Sul Fluminense outro caso de repercussão, bastante semelhante à do menino: há exatos 14 anos, em 2011, morria a pequena Adrialex Cerqueira, também de três anos, no Morro da Caviana, no Santo Agostinho. Sua mãe já a levou morta para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o padrasto da criança, ao saber da morte, fugiu. Acabou sendo encontrado e linchado por populares devido ao boato de que ele teria abusado sexualmente da criança – o que foi negado pelo laudo do IML. O caso foi arquivado.

RJ registrou mais de 1,8 mil casos de maus-tratos contra crianças em 2024

Dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) apontam que, em 2024, foram registrados 1.843 casos de maus-tratos contra crianças em todo o estado. Os números revelam a gravidade da situação e expõem a vulnerabilidade das vítimas, em sua maioria muito jovens.

Segundo o levantamento, 875 registros envolveram crianças de 0 a 11 anos. Já 1.194 casos foram relacionados a vítimas de 0 a 17 anos, o que mostra que a violência atinge diferentes fases da infância e da adolescência.

Na região Sul Fluminense, Barra Mansa contabilizou seis ocorrências ao longo do ano, Volta Redonda registrou doze casos e Resende, um. Embora os números locais sejam menores em comparação ao total do estado, especialistas destacam que cada caso representa uma violação grave de direitos.

Como denunciar?

Para denunciar violência contra crianças no Rio de Janeiro, ligue Disque 100 (100), acesse o WhatsApp (61) 99611-0100 ou denuncie em um Conselho Tutelar local, que são serviços que funcionam 24 horas por dia, com sigilo garantido. Você também pode entrar em contato com a Ouvidoria do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pelo formulário eletrônico ou telefone 127.

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