Bordado das mulheres caiçaras inspira exposição em Paraty
Foto: Divulgação
Paraty – A força das mulheres na cultura caiçara, as tradições manuais e a expressão artística como resistência são temas da exposição “Linhas, Pontos e Contos: A poesia do cotidiano das bordadeiras da Praia do Sono”. A mostra ficará aberta à visitação gratuita na Casa da Cultura de Paraty, de sexta-feira (11) até 20 de setembro, reunindo bordados, fotografias, sons e vídeos que apresentam o trabalho das mulheres que bordam suas memórias às margens do mar.
O coletivo Bordadeiras do Sono, formado por moradoras da Praia do Sono, comunidade com 600 habitantes a 20 quilômetros do centro de Paraty, transforma o bordado em narrativa sobre o cotidiano caiçara. As peças mostram paisagens, cenas do dia a dia, memórias e modos de vida que, há gerações, constroem a cultura local. “Bordar é uma forma de contar o que a gente vive, o que lembra da infância, o que tem à nossa volta. É nossa maneira de dizer: ‘estamos aqui’”, afirma Zenir Alvarenga Albino, uma das integrantes do grupo.
Criado em 2007, o coletivo reúne mulheres como Bruna, Maria, Lindalva, Rosiane, Daiani, Zenir, Nilma, Claudete, Isabela, Larissa, Letícia, Mariana e Perpétua, que bordam cenas do dia a dia: homens remendando redes, mulheres preparando peixes, crianças correndo atrás de pipas, árvores e paisagens que fazem parte da Praia do Sono. Os desenhos partem dos traços de Tiago Alvarenga, jovem da comunidade, e são transformados em pontos que registram as histórias do lugar.
A montagem reúne bordados em paredes e luminárias suspensas, acompanhados de sons do mar, ventos e cantos das bordadeiras. Fotografias de Ana Andrade registram momentos de criação, enquanto um documentário em vídeo apresenta o processo coletivo. Poemas do escritor Flávio Araújo, filho de Betinha (bordadeira in memorian), integram a exposição.
“Eu vejo uma conexão entre o bordado e a cultura da pesca. Os homens costuram as redes com pontos que lembram o bordado das mulheres. Ambos representam uma construção coletiva que inclui toda a cultura caiçara”, diz Flávio.
Os bordados, que ultrapassaram as fronteiras da comunidade e foram levados por turistas, são registros do pertencimento das bordadeiras ao lugar onde vivem. “Linhas, Pontos e Contos” apresenta a Praia do Sono por meio das histórias bordadas pelas mulheres que mantêm viva a cultura caiçara.
A exposição conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, apoio do Grupo Globo, EZZE Seguros, Innova, Farmacêutica EMS, Pousada Literária de Paraty, Fazenda Bananal, Sandi Hotel, e apoio institucional da Fundação Roberto Marinho e Prefeitura de Paraty, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Serviço
Exposição: Linhas, Pontos e Contos: A poesia do cotidiano das bordadeiras da Praia do Sono
Local: Casa da Cultura de Paraty
Abertura: 11 de julho, às 18h
Visitação: 11 de julho a 20 de setembro de 2025
Entrada: gratuita
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Mayra Gomes