Bando que cobrava de fiéis por orações é alvo de operação da Polícia Civil do Rio

A Polícia Civil do Rio deflagrou nesta quarta-feira (24) operação contra um bando que cobrava de fiéis para fazer orações, prometendo curas e milagres. O grupo atuava a partir de uma central de telemarketing no Centro da cidade de Niterói. A “Operação Blasfêmia”, realizada por agentes da delegacia de Niterói em conjunto com o Ministério Público, cumpre mandados de busca e apreensão em decorrência de inquérito que apura os crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro.

As investigações revelaram uma estrutura sofisticada de telemarketing religioso, onde dezenas de atendentes eram contratados por meio de anúncios em plataforma on-line de vendas. Os selecionados, sem qualquer vínculo religioso com a instituição, eram orientados a se passarem pelo líder religioso durante atendimentos via WhatsApp. Nas conversas com as vítimas, os atendentes simulavam ser o pastor de uma igreja de São Gonçalo, utilizando áudios previamente gravados com promessas de curas e milagres, condicionadas à realização de transferências bancárias via pix. Os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 1,5 mil, conforme o “tipo de oração” oferecida.

Para dar vazão ao grande volume de arrecadações, o grupo se utilizava de uma rede de contas bancárias registradas em nome de terceiros, dificultando o rastreamento das movimentações financeiras. Os atendentes, segundo apuraram os investigadores, eram remunerados por comissões proporcionais à arrecadação semanal e submetidos a metas rígidas de desempenho. Aqueles que não atingiam o valor mínimo estipulado eram dispensados.

Call center – Segundo a polícia, a investigação teve início em fevereiro deste ano, quando a polícia identificou a existência de um call center onde foram flagradas 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, 52 telefones celulares, seis notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel foram apreendidos. A análise desse material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o território nacional.

Durante a apuração, foi realizada também investigação financeira, que identificou movimentações superiores a R$ 3 milhões em um período de dois anos. Com base nos elementos colhidos, foram decretados o sequestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados, bem como de empresas a eles vinculadas.

Nessa primeira fase, o pastor e outros 22 integrantes do grupo foram denunciados. Além disso, foi deferida medida cautelar de monitoramento por tornozeleira eletrônica do pastor. As investigações, segundo a polícia, seguem com o objetivo de identificar novas vítimas e eventuais participantes da organização. (Foto: Divulgação)

Informa Cidade

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