Entre o afeto e a tecnologia, o palco de Zeca Baleiro

Foto: Divulgação/Diário Eventos

Volta Redonda –  Minutos antes de se apresentar no Palco SESC da Expo VR, na noite de sábado (2), o cantor e compositor Zeca Baleiro conversou com o Grupo Pançardes de Comunicação sobre os sucessos que o acompanham ao longo da carreira, seus experimentos com novas tecnologias e a importância de eventos culturais como a experiência multicultural proposta pelo Diário Eventos na Ilha São João, em Volta Redonda.

Com mais de 25 anos de trajetória, Baleiro reconhece que certas músicas se tornaram indispensáveis em seus shows. “Não é só que eu faça questão de cantar, mas, se não cantar, sou cobrado por isso”, afirmou, bem-humorado. E comparou com outros artistas: “Ninguém vai a um show do Paul McCartney sem esperar ouvir Yesterday ou Hey Jude, por exemplo”.

Para ele, é natural que o público queira ouvir os grandes sucessos. “As pessoas que amam a Gal Costa, a Simone, a Marisa Monte… vão amar o repertório, mas querem ouvir os hits”, disse. Ainda assim, ele defende que o artista proponha novidades.

“Vou dar um spoiler: começo o show com uma música nova, de um trabalho em voz e piano. Tem um remix e um clipe feito com inteligência artificial — é minha primeira incursão nessa linguagem. A ideia é de um grande amigo meu, que está arrasando na IA e me propôs fazer um clipe por um preço camarada, porque ainda são caríssimos, no Brasil, os aplicativos de Inteligência Artificial.”

A canção escolhida para abrir o show foi ‘Céu Azul’, da banda Charlie Brown Jr., da qual Baleiro é fã. “A gente começa com essa música e propõe a novidade”, pontuou.

Depois da estreia, os clássicos. “‘Quase Nada’, ‘Pelo Telefone’, ‘Babylon’, ‘Salão de Beleza’, ‘Telegrama’… Se eu não tocar essas canções, o show não acontece. Hoje, ter hits é um trunfo, um capital. E fabricar um hit hoje é muito mais difícil do que há 25 ou 30 anos, quando comecei.”

Entre essas faixas, ‘Telegrama’ rendeu histórias curiosas. Segundo Baleiro, a música passou a atrair delegados de polícia para seus shows. “O delegado tem uma figura, no imaginário popular, de uma pessoa truculenta e tal. Então, mandar flores ao delegado…”, riu. “Quando os delegados vinham — às vezes até armados — mostravam a carteira e perguntavam, em tom descontraído: ‘Você vai tocar?’ E eu respondia: ‘vou’.”

Com o tempo, a faixa acabou caindo nas graças da categoria. “Um cara em Brasília disse que a música tinha angariado simpatia, porque a imagem do delegado era associada a uma coisa bruta, de tortura, da época da ditadura. Quando a gente faz uma música, não pensa nisso. Mas é curioso, pois essa se tornou meu maior hit.” Hoje, ‘Telegrama’ ultrapassa 100 milhões de streamings no Spotify.

Música e pintura se encontram no palco

Durante o show, Baleiro mostrou o mesmo bom humor da entrevista. Foi simpático com o público, fez brincadeiras entre uma música e outra, e demonstrou entusiasmo ao tocar os sucessos pedidos pela plateia.

A apresentação teve ainda um momento especial: a artista plástica volta-redondense Deise do Amaral foi convidada a subir ao palco para finalizar, ao vivo, uma pintura iniciada no camarim — um retrato de Zeca Baleiro. A obra foi concluída sob aplausos, em um encontro simbólico entre música e artes visuais.

Em sua primeira participação na Expo VR, o cantor elogiou a proposta do evento. “Estou muito feliz de estar aqui na primeira Expo VR 2025. O importante é ter esse tipo de evento para fazer circular a energia, o pensamento, a troca de ideias, a discussão sobre o tempo que a gente está vivendo.”

Ele também destacou o caráter inclusivo da programação. “O projeto é super inclusivo, é muito importante. Hoje é fundamental isso: a cultura e a educação andam lado a lado, né?”.

 

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Lívia Nascimento
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